terça-feira, 22 de julho de 2008

William Wilberforce


No século 18, a Inglaterra detinha o monopólio do comércio de escravos negros. Os meios de transporte eram os mais cruéis imagináveis. Boa parte da população inglesa tirava proveito desse comércio, e o povo, de maneira geral, aceitava a escravidão. Havia aqueles que enriqueciam e, por isso, defendiam com veemência o escravagismo. Mas Deus graciosamente ergueu uma geração de políticos cristãos para lutar contra o que William Carey chamou de "maldito comércio de escravos".

Preciosa graça

É surpreendente que nenhum grande reformador da história ocidental seja tão pouco conhecido como William Wilberforce. Ele nasceu numa família nobre da Inglaterra, na cidade portuária de Hull, em Yorkshire, em 24 de agosto de 1759. Naquela época, como hoje, a aristocracia vivia em meio a contradições: nela se encontravam alguns dos grandes benfeitores da nação e alguns de seus maiores corruptores. Wilberforce era fruto dessas ambigüidades.

Após estudar em uma escola em Pocklington, foi aceito em 1776 no St. John's College, na Universidade de Cambridge, onde decidiu dedicar-se à carreira política, tendo sido eleito representante de seu povoado aos 21 anos de idade. Além de repartir o dinheiro que possuía, mandou fazer um grande churrasco para todo o vilarejo, o que lhe valeu um bom número de votantes. Aos 24 anos, já era um político famoso por sua eloqüência e acabou por ser eleito representante de Yorkshire, o maior e mais importante condado da Inglaterra, chegando a Londres cheio de popularidade.

Em 1784, ainda aos 24 anos de idade, partiu para uma viagem a Nice, na França, que traria grande transformação em seu caráter. Levou consigo a mãe, Elizabeth, a irmã Sally, uma amiga dela e Isaac Milner, seu antigo professor primário, e que veio a se tornar presidente do Queen's College, na Universidade de Cambridge. Na bagagem de Milner, Wilberforce viu uma cópia do livro de Philip Doddridge - mais conhecido por ter escrito o famoso hino "Oh! Happy Day" [Oh! Dia Feliz!] -, The Rise and Progress of Religion in the Soul [O começo e o progresso da religião na alma]. Ele perguntou para seu amigo o que era aquilo e recebeu a resposta: "Um dos melhores livros já escritos". Os dois concordaram em lê-lo juntos na jornada.

A leitura desse livro e das Escrituras, acompanhada de conversas com Milner, levaram o jovem político à conversão. Ele declarou em seu diário, em fins de outubro daquele ano:

Assim que me compenetrei com seriedade, a profunda culpa e tenebrosa ingratidão de minha vida pregressa vieram sobre mim com toda sua força, condenei-me por ter perdido tempo precioso, oportunidades e talentos [...]. Não foi tanto o temor da punição que me afetou, mas um senso de minha grande pecaminosidade por ter negligenciado por tanto tempo as misericórdias indescritíveis de meu Deus e Senhor. Eu me encho de tristeza. Duvido que algum ser humano tenha sofrido tanto quanto eu sofri naqueles meses.

Wilberforce começou um programa que durou toda sua vida, de separar os domingos e um intervalo a cada manhã para se dedicar à oração e às leituras espirituais.

Uma longa e dura luta

Já de volta a Londres, a vida de Wilberforce tomou novos rumos. Ele considerou suas opções, inclusive o ministério cristão, mas foi convencido por John Newton que Deus o queria permanecendo na política, em vez de entrar para o ministério. "Espera e crê que o Senhor te levantou para o bem da nação", escreveu Newton.

Depois de muito pensar e orar, Wilberforce concluiu que Newton estava certo. Deus o chamara para defender a liberdade dos oprimidos como parlamentar. "Minha caminhada é de vida pública. Meu negócio está no mundo, e é necessário que eu me misture nas assembléias dos homens ou deixe o cargo que a Providência parece ter-me imposto", escreveu em seu diário, em 1788.

Outro que o influenciou fortemente foi JohnWesley. Newton e Wesley tinham, além de uma fé vibrante no evangelho, uma forte convicção de que não havia maior pecado pesando sobre as costas do Império Britânico do que o terrível e abominável tráfico de escravos, que Wesley batizara de "execrável vileza".

Bruce Shelley diz que os ingleses entraram nesse comércio em 1562, quando Sir John Hawkins pegou uma carga de escravos em Serra Leoa e a vendeu em São Domingos. Então, depois que a monarquia foi restaurada em 1660, o rei Carlos II deu uma concessão especial para uma companhia que levava 3 mil escravos por ano para as Índias Orientais. A partir daí, o comércio cresceu e atingiu enormes proporções. Em 1770, os navios ingleses transportavam mais da metade dos cem mil escravos vindos da África Oriental. Muitos ingleses consideravam o tráfico de escravos inseparavelmente ligado ao comércio e à segurança nacional da Grã-Bretanha.

John Wesley escreveu sua última carta a Wilberforce, em 24 de fevereiro de 1791, seis dias antes de morrer, encorajando-o a executar o plano da abolição da escravatura. Um parágrafo dessa carta diz o seguinte: "Oh! Não vos desanimeis de fazer o bem. Ide avante, em nome de Deus, e na força do seu poder, até que desapareça a escravidão americana, a mais vil que o sol já iluminou".

Foi por conta dessas influências que Wilberforce decidiu dedicar toda a força de sua juventude e todo o talento que tinha a um único objetivo que consumiria toda sua vida: a abolição do tráfico negreiro. Algum tempo depois, num domingo, 28 de outubro de 1787, ele escreveu em seu diário as palavras que se tornaram famosas: "O Deus todo-poderoso tem colocado sobre mim dois grandes objetivos: a supressão do comércio escravocrata e a reforma dos costumes.

Uma fonte de estímulo nessa luta foi sua participação ativa no chamado Grupo de Clapham (Clapham Sect), constituído de pessoas ricas cujas residências ficavam em Clapham, um elegante bairro localizado a 8 quilômetros de Londres, que apoiava muitos líderes leigos na busca de uma reforma social, liderados por um humilde ministro anglicano, John Venn. Como destacam Clouse, Pierard & Yamauchi, o Grupo de Clapham foi, de longe, a mais importante expressão anglicana na esfera da ação social. Esse grupo de leigos geralmente se reunia para estudar a Bíblia, orar e dialogar na biblioteca oval de Henry Thornton, um rico banqueiro que todo ano doava grande parte de seus rendimentos para a filantropia.

Outros que participavam do grupo eram: Charles Grant, presidente da Companhia das Índias Orientais; James Stephens, cujo filho, chefe do Departamento Colonial, auxiliou bastante os missionários nas colônias; John Shore, Lorde Teignmouth, governador-geral da Índia e primeiro presidente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira; Zachary Macauley, editor do Observador Cristão; Thomas Clarkson, famoso líder abolicionista; a educadora Hannah More, além de outros líderes evangélicos. Dentre várias atividades, eles ajudaram a fundar a colônia de Serra Leoa, onde escravos libertos poderiam viver livres.

Clouse, Pierard & Yamauchi dizem:

Este grupo uniu-se numa intimidade e solidariedade incríveis, quase como uma grande família. Eles se visitavam e moravam um na casa do outro, tanto em Clapham, como na própria Londres e no campo. Ficaram conhecidos como 'os Santos' por causa de seu fervor religioso e desejo de estabelecer a retidão no país. Vários comentaristas observaram que eles planejavam e trabalhavam com um comitê que estava sempre reunido em 'conselhos de gabinete' em suas residências pata discutir o que precisava ser consertado e estratégias que poderiam usar para alcançar seus objetivos.

Neste grupo, discutiam os erros e as injustiças de seu país, e as batalhas que teriam de travar para estabelecer a justiça.

Os membros do Grupo de Clapham demonstraram a diferença que um grupo de cristãos pode fazer. Eles elaboraram 12 marcas que nortearam seu esforço pela reforma social na Inglaterra do século 19:

1. Estabeleça objetivos claros e específicos.
2. Pesquise cuidadosamente para produzir uma proposta realista e irrefutável.
3. Construa uma comunidade comprometida que apóie uns aos outros. A batalha não pode ser vencida sozinha.
4. Não aceite retiradas como uma derrota final.
5. Comprometa-se a lutar de forma contínua, mesmo que a luta demore décadas.
6. Mantenha o foco nas questões; não permita que os ataques malignos de oponentes o distraiam ou provoquem resposta similar.
7. Demonstre empatia com a posição do oponente, de forma que diálogo significativo aconteça.
8. Aceite ganhos parciais quando tudo o que é desejado não puder ser obtido de uma só vez.
9. Cultive e apóie suas bases populares quando outros, que estiverem no poder, se opuserem a seus projetos.
10. Transcenda à mentalidade simplista e direcione-se às questões maiores, principalmente as que envolvem questões éticas!
11. Trabalhe através de canais reconhecidos, sem lançar mão de táticas sujas ou violentas.
12. Prossiga com senso de missão e convicção de que Deus o guiará providencialmente se estiver verdadeiramente a seu serviço.

Em 1797, Wilberforce publicou um livro intitulado Practical View of Real Christianity [Panorama prático do cristianismo verdadeiro], amplamente lido e ainda publicado, que evidenciava o interesse evangélico na redenção como a única força regeneradora, na justificação pela graça por meio da fé e na leitura da Escritura em dependência ao Espírito Santo, ou seja, numa piedade prática que redundasse em serviço relevante para a sociedade. Nessa obra, ele disse sobre o cristianismo verdadeiro:

Eu compreendo que a marca prática e essencial dos verdadeiros cristãos é a seguinte: que os pecadores arrependidos, confiando na promessa de serem aceitos [por Deus], mediante o Redentor, têm renunciado e abjurado todos os outros senhores, e têm de maneira integral se devotado a Deus. Agora, seu propósito determinado é se dedicar integralmente ao justo serviço do legítimo Soberano. Eles não mais pertencem a si mesmos: todas as faculdades físicas e mentais, sua herança, sua essência, sua autoridade, seu tempo, sua influência, tudo o que desconsideram como sendo seus [...] devem ser consagrados em honra a Deus e empregados a seu serviço.

E sobre o poder e o direito:

Eu devo confessar [...] que minhas próprias [e sólidas] esperanças pelo bem-estar do meu país não depende de seus navios e exércitos, nem da sabedoria de seus governantes, ou ainda do espírito de seu povo, mas sim da [capacidade de] persuasão de todos aqueles que amam e obedecem ao evangelho de Cristo.

No tempo de Deus

Wilberforce e seus amigos do Grupo de Clapham também ajudaram a fundar escolas cristãs para os pobres, a reformar as prisões, a combater a pornografia, a realizar missões cristãs no estrangeiro e a batalhar pela liberdade religiosa. Mas Wilberforce acabou por se tornar mais conhecido por seu compromisso incansável pela abolição de escravidão e do comércio de escravos.

Sua luta começou por volta de 1787 - ele já era parlamentar desde 1780. Haviam pedido a Wilberforce que propusesse a abolição do comércio de escravos, embora quase todos os ingleses achassem a escravidão necessária, ainda que desagradável, e que a ruína econômica certamente viria ao acabar com a escravidão. Apenas uns poucos achavam o comércio de escravos errado. A pesquisa de Wilberforce o pressionou até conclusões dolorosamente claras. "Tão enorme, tão terrível, tão irremediável aparentou a maldade desse comércio que minha mente ficou inteiramente decidida em favor da abolição", disse ele à Casa dos Comuns. "Sejam quais forem as conseqüências, deste momento em diante estou resolvido que não descansarei até efetuar sua abolição." Wilberforce falou primeiramente sobre o comércio de escravos na Casa de Câmara dos Comuns em 1788, num discurso de três horas e meia, que concluiu dizendo: "Senhor, quando nós pensamos na eternidade e em suas futuras conseqüências sobre toda conduta humana, se existe esta vida, o que esta fará a qualquer homem que contradisser as ordens de sua consciência e os princípios da justiça e da lei de Deus!". Sua luta custou-lhe dezoito anos de trabalho incansável.

Os feitos de Wilberforce foram realizados em meio a tremendos desafios. Ele era um homem de constituição fraca e com uma fé desprezada. Quanto à tarefa, enquanto a prática da escravatura era quase universalmente aceita, o comércio de escravos era tão importante para a economia do Império Britânico quanto é a indústria de armamentos para os Estados Unidos hoje. Quanto à sua oposição, incluía poderosos interesses mercantis e coloniais e personalidades como o famoso Almirante Horacio Nelson e a maior parte da família real. E quanto à sua perseverança, Wilberforce continuou incansavelmente, anos a fio, antes de alcançar seu alvo. Sempre desprezado, ele foi duas vezes assaltado e surrado. Certa vez, um amigo lhe escreveu, dizendo-lhe que, do jeito que as coisas andavam, "eu espero ouvir dizer que foste carbonizado por algum dono de fazenda das Índias Ocidentais, feito churrasco por mercadores africanos e comido por capitães da Guiné, mas não desanime - eu escreverei o seu epitáfio!"

O comércio de escravos foi finalmente abolido em 25 de março de 1806. Quando a lei foi aprovada, todo o Parlamento se pôs de pé e aplaudiu Wilberforce por vários minutos, enquanto ele, já desgastado pelos anos, chorava com o rosto entre as mãos.

Ele continuou a campanha contra a escravidão em todos os territórios britânicos, e o voto crucial da famosa Lei de Emancipação chegou quatro dias antes de sua morte, em 29 de julho de 1833.

Por conta da decisão parlamentar, poderosa como era e não querendo ser lesada em seus interesses, a Grã-Bretanha declarou ao mundo que nem ela nem ninguém mais poderia traficar escravos. Além disso, tornou-se a guardiã dos mares. Logo, Portugal e Bélgica, as duas nações rivais, tiveram também de parar com o tráfico, por força do poderio naval inglês.

Um ano depois da morte de Wilberforce, em julho de 1834, 800 mil escravos, principalmente na Índia Ocidental britânica, foram libertos. Em pouco tempo, a maior parte dos países ocidentais aboliria a escravidão em definitivo.




segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Biografia de Ellen White


Introdução
A 26 de novembro de 1827 nasceram duas meninas gêmeas à casa de Roberto e
Eunice Harmon. Ellen e Elisabete foram os nomes dados a essas meninas. A pequena fazenda da colina (agora conhecida como “Fort Hill Farm”), ficava perto da vila de Gorham, Maine, cerca de dezenove quilômetros a leste de Portland, Maine, no nordeste dos Estados Unidos. Vistohaver oito filhos na família Harmon, podemos ter certeza de que a casa era um lugar
interessante e movimentado. Poucos anos depois do nascimento das gêmeas, contudo,
Roberto Harmon abandonou o trabalho da fazenda e se mudou para a cidade de Portland onde se dedicou a negócios.
Durante a infância, a ativa e alegre Ellen ajudava no trabalho de casa e auxiliava o pai na manufatura de chapéus. Com nove anos de idade, uma tarde ao voltar da escola para casa, foi ferida por uma pedra que a colega de classe lhe atirou. Esse acidente quase lhe custou a vida. Ficou inconsciente durante três semanas, e nos anos seguintes sofreu grandemente como resultado do sério ferimento no nariz. Ellen era incapaz de continuar os trabalhos escolares, e parecia a todos que a menina antigamente promissora não poderia viver por muito tempo.
No ano de 1840 Ellen assistiu, com os pais, à reunião campal metodista em Buxton,
Maine, e lá, com a idade de 12 anos, entregou o coração a Deus. Voltando para casa, por sua insistência foi batizada por imersão pelo ministro metodista nas ondas revoltas do Oceano Atlântico, que banhava as praias de Portland, e nesse mesmo dia foi recebida como membro da igreja metodista.

A mensagem do advento
Com outros membros da família, Ellen assistiu às reuniões adventistas em Portland em
1840 e 1842, aceitando plenamente os pontos de vista apresentados por Guilherme Miller e seus companheiros, e confiantemente aguardou a volta do Salvador em 1843, e depois em 1844. Ellen era fervorosa obreira missionária, trabalhando com seus jovens companheiros, e fazia sua parte em proclamar a mensagem do advento. Muitas vezes trabalhava longas horas com abnegação a fim de poder obter os meios para propagar a preciosa mensagem a outros.
A juventude de Ellen não diminui a amargura do grande desapontamento de 22 de outubro de 1844 e, assim como outros, ela buscou fervorosamente a Deus por luz e direção nos dias de perplexidade que se seguiram. No tempo crítico, quando muitos estavam vacilando ou abandonando sua experiência adventista, juntou-se Ellen Harmon a quatro outras irmãs no culto familiar enquanto estava na casa de um companheiro de fé, no sul de Portland, numa manhã do fim de dezembro. O Céu parecia escuro perto do grupo em oração, e ao repousar o poder de Deus sobre Ellen, perdeu ela a noção do ambiente terreno, e numa revelação figurada testemunhou as viagens do povo do advento para a cidade de Deus. (Primeiros Escritos , pp. 13-20). Quando a jovem de dezessete anos relatou, tremendo e relutantemente, essa visão aos crentes em Portland, foi ela aceita como luz de Deus. Atendendo à direção do Senhor, Ellen viajou com amigos e parentes de um lugar para outro, conforme a oportunidade, relatando aos grupos esparsos de adventistas o que lhe fora revelado, tanto na primeira visão, como nas que se sucederam.
Aqueles dias não eram fáceis para os adventistas desapontados. Não somente sofriam
escárnio e o ridículo do mundo em grande escala, mas eles mesmos não estavam muito unidos, e toda sorte de fanatismo se levantou em suas próprias fileiras. Pela revelação, o Senhor mostrou a Ellen Harmon o surgimento de alguns desses movimentos fanáticos, e lhe foi dada a responsabilidade de reprovar fielmente o mal e apontar o erro. Esse trabalho ela achou difícil de realizar.

Casamento de Tiago e Ellen White
Numa viagem a Orrington, Maine, Ellen encontrou um jovem pregador adventista,
Tiago White, que contava então vinte e quatro anos de idade, e como seus trabalhos,
ocasionalmente, faziam com que os dois se encontrassem, brotou uma afeição que depois de se terem certificado do que o Senhor os estava guiando, levou-os a se unirem mais tarde em matrimônio, em agosto de 1846.
Nas primeiras poucas semanas que se seguiram ao casamento, Tiago e Ellen
entregaram-se ao estudo cuidadoso de um folhetinho de quarenta e seis páginas publicado
pelo Pastor José Bates em New Bedford, Massachusetts, intitulado The Seventh-day Sabbath (O Sábado do Sétimo Dia), e que apresentava evidências das Escrituras quanto à santidade do sétimo dia. Claramente viram a exatidão dos pontos de vista apresentados, e aceitaram a luz.
Cerca de seis meses mais tarde, no sábado, 7 de abril de 1847, estando a irmã White em visão, foi-lhe mostrada a lei de Deus no santuário celestial com auréola de luz ao redor do quarto mandamento. Essa visão trouxe mais clara compreensão da importância da verdade do
sábado, e confirmou a confiança dos adventistas nela (Primeiros Escritos , pp. 32-35).
Os primeiros dias da experiência de casados de Tiago e Ellen White foram repletos de
pobreza e às vezes de angústia. Nessa fase de nossa obra, antes de se efetuar a organização da igreja, e antes que fosse provido o sustento regular do ministério, dependiam os obreiros do trabalho de suas mãos para seu apoio financeiro, de modo que o tempo de Tiago White dividiase entre trabalhar e pregar, e ganhar a vida na floresta, na estrada de ferro ou no campo de feno.
A 26 de agosto de 1847 chegou ao lar da família White um menino, Henrique. Sua
presença trouxe alegria à jovem mãe, mas Ellen White logo viu que devia deixar o filho com amigos de confiança e continuar o trabalho, viajando e dando a mensagem que Deus lhe confiara. Os poucos anos seguintes tiveram um registro de viagens, visitas ao “rebanho disperso”, de assistência a conferências e escrever.
03. Começando a publicar
Estando em Rocky Hill, Connecticut, no verão de 1849, começou Tiago White a
publicação de nosso primeiro jornal: The Present Truth , um bimensário de oito páginas, com grande lapso na sua publicação, sendo o volume completado em 11 publicações, em quinze meses. Os números posteriores traziam artigos da pena de Ellen G. White, que representavam visões proféticas sobre o futuro da igreja, e ecoavam notas de advertência e conselho.
O ano de 1951 marcou o aparecimento do primeiro livro da Sra. White, um trabalho
com capa de papel de 64 páginas intitulado A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G. White. A este seguiu-se um “suplemento” em 1854. Esses dois documentos mais antigos encontram-se agora nas páginas 11-127 do livro Early Writings.
Os dias do começo da Review and Herald, em 1850, e da Youth's Instructor, em 1852,
a aquisição de um prelo manual, e depois a publicação das revistas em Rochester, New York, durante os anos de 1852-1855, foram realmente bem probantes. A casa dos White e a pequena tipografia tornaram-se a sede da obra. O dinheiro era escasso e a doença e as privações fizeram sua parte em trazer aflições e desânimo. Mas havia dias brilhantes pela frente e, quando em 1855, os irmãos de Michigan convidaram o irmão e a irmã White para Battle Creek prometendo uma pequena casa para impressão, pareceu que a maré havia virado.
04. A obra mudou-se para Battle Creek, Michigan
Foi em novembro de 1855 que a Review and Herald , com o prelo de mão e outro
equipamento de impressão, se mudou da sede alugada em Rochester, New York, para o
prédio recentemente erigido em Battle Creek, Michigan, tão liberalmente provido pelos amigos de causa ali.
Poucos dias depois que o Pastor White e senhora, e os que com eles estavam ligados
na obra de publicação chegaram a Battle Creek, realizou-se uma conferência para considerar os planos para o avanço da causa. No fim dessa reunião geral, foi revelado a Ellen White certo número de assuntos de importância para a igreja em geral. Ela escreveu estes, e os leu na tarde do sábado seguinte, na igreja de Battle Creek. Ao ser ouvida a oportuna mensagem, reconheceram os membros da igreja que todos os grupos de crentes estavam envolvidos, e votaram que fosse publicada. No devido tempo saiu do prelo restabelecido um folheto de 16 páginas intitulado Testimonies for the Church, (Testimonies , vol. I, pp. 113-126), o primeiro de
uma série de escritos que, em 55 anos, somaram quase 5000 páginas, conforme foram
publicados em nove volumes de Testimonies for the Church.
A história da experiência do Pastor e da Sra. White durante os poucos anos que se
seguiram, e no firme estabelecimento da obra de publicação e organização da igreja, é uma história de freqüentes viagens de trem, de carroça, de trenó – uma história de sofrimento no frio intenso, em longas jornadas por campos pouco habitados, uma história da proteção especial de Deus em muitos perigos, cheia de aspectos desanimadores ao serem dirigidos contra a obra os ataques dos inimigos, e também cheia de encorajamento ao ser testemunhado o poder de Deus em levar a vitória à vida dos observadores do sábado e dar êxito ao trabalho dos que dirigiam o avanço da causa de Deus.

A visão do Grande Conflito
Foi em Ohio, num funeral realizado numa tarde de domingo, em março de 1858, na
escola pública de Lovett's Grove (agora Bowling Green), que foi dada à Sra. White a visão do grande conflito entre Cristo e seus anjos e Satanás e seus anjos, desde seu início até ao fim.
Dois dias mais tarde o grande adversário tentou tirar-lhe a vida, para que ela não pudesse apresentar aos outros o que lhe fora revelado. Mantida, contudo, por Deus, na realização da obra que lhe fora confiada, descreveu as cenas que lhe haviam sido apresentadas, sendo publicadas no verão de 1858 o livro de 209 páginas Spiritual Gifts, vol. I , The Great Controversy Between Christ and His Angels, and Satan and His Angels. O volume foi bem recebido e grandemente apreciado devido à sua clara descrição das forças contendoras no grande conflito, tocando em pontos árduos da luta, mas tratando mais completamente das cenas finais da história da Terra (Primeiros Escritos , pp. 133-O diário de Ellen White, da últi295).
O lar em Battle Creek
ma parte da década dos cinqüenta, revela que nem todo
o seu tempo foi dedicado a escrever e à obra pública, pois os deveres caseiros, os contatos amigáveis com os vizinhos, especialmente os que estavam em necessidade, exigiam-lhe
atenção, e às vezes ajudava a dobrar e a costurar jornais e folhetos, quando havia acúmulo de trabalho no escritório da Review.
No outono de 1860, a família White compunha-se de seis pessoas, com quatro
meninos ativos, que iam de poucas semanas a treze anos de idade. Contudo a criança mais nova, Herbert, viveu apenas poucos meses, trazendo sua morte a primeira separação no círculo familiar. Os esforços culminados para estabelecer a igreja e as organizações de Associação, com as exigências de mais escritos e viagens e trabalho pessoal, ocuparam os primeiros anos da década dos sessenta. Alcançou-se o clímax na organização da Associação
Geral em meio de 1863.
A visão da reforma de saúde
Poucas semanas depois disto, são encontrados Tiago e Ellen White visitando Otsego,
Michigan, no fim de semana, para animar os obreiros evangélicos locais. Enquanto o grupo de obreiros se ajoelhava em oração, no começo do sábado, foi dada a Ellen White uma visão bem abarcante da relação da saúde física com a espiritualidade, da importância de seguir princípios corretos no regime e no cuidado do corpo, e dos benefícios dos remédios da natureza – ar puro, luz do sol, exercício e o uso racional da água.
Antes dessa visão, pouca atenção ou tempo tinham-se dado a questões de saúde, e
vários dos sobrecarregados ministros haviam sido obrigados a parar, durante alguns períodos de tempo, devido à enfermidade. Embora naquela época houvesse, neste e noutros países,indivíduos que lideravam reformas no modo de vida, os adventistas do sétimo dia, com suas mensagens do sábado e do advento, pouco interesse tinham em questões de saúde. Essa revelação a Ellen White a 06 de junho de 1863, impressionou os chefes da igreja recémorganizada
com a importância da reforma de saúde. Nos meses que se seguiram, visto ser a
mensagem de saúde considerada parte da mensagem dos adventistas do sétimo dia,5
inaugurou-se um programa educativo sobre a saúde. Iniciando essa campanha, foram
publicados seis folhetos de sessenta e quatro paginas cada um, e intitulados: Health, or How to Live , compilados por Tiago e Ellen White, e em cada um deles aparecia um artigo de autoria
dela.
Muitíssimo impressionados ficaram os primeiros líderes da obra com a importância da
reforma da saúde, devido à morte prematura de Henrique White com dezesseis anos, à grave enfermidade do Pastor Tiago White, que por três anos se afastou do trabalho e aos sofrimentos de vários outros ministros.
No princípio de 1866, atendendo à instrução dada a Ellen White no dia de Natal de
1865 (Testimonies for the Church , vol. II, p. 489), de que os adventistas do sétimo dia
deveriam estabelecer uma instituição de saúde para cuidar dos doentes e comunicar instruções sobre saúde, delinearam-se planos para o Health Reform Institute, que abriu em setembro de 1866.
Enquanto a família White estava em Battle Creek ou de lá saíam, de 1865 a 1868, as
condições físicas do Pastor White levaram-nos a se retirar para uma pequena fazenda, perto de Greenville, Michigan. Longe dos prementes deveres da sede da nossa obra, teve Ellen White oportunidade de escrever; e fez a apresentação da historia do conflito, conforme lhe fora
repetidamente mostrado de maneira mais completa em muitas revelações. Em 1870, foi
publicado The Spirit of Prophecy , vol. I, trazendo a história desde a queda de Lúcifer até o tempo de Salomão. O trabalho dessa série foi interrompido, e somente sete anos mais tarde foi publicado o volume seguinte.
Ao voltarem gradualmente as forças físicas ao Pastor White, também ele teve a
oportunidade de recapitular o avanço da obra e de estudar planos para sua extensão. A obra expande-se
O êxito da primeira reunião campal adventista do sétimo dia, realizada em Wright, Michigan, no verão de 1868, conduziu a planos mais amplos quanto a esses esforços nos anos seguintes. Tomou o Pastor White parte ativa não somente em elaborar planos para essas reuniões, como também em assistir de verão em verão a tantas quantas seus prementes deveres administrativos e falta de saúde persistissem. Os longos períodos de trabalho excessivo durante os dias cheios de luta do começo da obra, a tensão exaustiva dos deveres da Associação Geral e a presidência de varias mesas de instituições, deixaram marcas profundas em sua saúde. Ellen White acompanhava o marido nas viagens, desempenhando plenamente sua parte na pregação e no trabalho pessoal, e, quando podia, dava um avanço
nos escritos.
O inverno de 1872 a 1873 encontrou o casal na Califórnia, no interesse do trabalho
recentemente estabelecido na costa do Pacífico. Foi essa a primeira das várias e extensas viagens para o Oeste realizadas durante os sete anos seguintes. Compreensiva visão foi dada a Ellen White a 1º de abril de 1874, enquanto estava no Oeste, tempo em que lhe foi revelado o maravilhoso caminho no qual a obra devia ampliar-se e desenvolver-se, não somente nos Estados Ocidentais, mas nas distantes terras além-mar. Poucas semanas mais tarde, iniciaram-se reuniões em tendas em Oakland, Califórnia, e em conexão com esse trabalho público, iniciou o Pastor Tiago White a publicação de Signs of the Times.
O colégio de Battle Creek
No outono de 1874 encontramo-los de volta, em Michigan, ajudando no Curso Bíblico,
dirigindo o Pastor e a Sra. White especialmente na dedicação do Colégio de Battle Creek, a 04 de janeiro de 1875. Enquanto Ellen White estava diante do grupo que se reunira vindo de vários estados para a dedicação de que nossa primeira instituição educacional, relatou o que lhe fora mostrado no dia anterior numa visão que acompanhara sua cura física. O quadro engrandecedor da obra que deve ser realizada pelos adventistas do sétimo dia que apresentou, impressionou os obreiros e crentes em assembléia, quanto à importância e necessidade do Colégio. Entre outras coisas contou terem-lhe sido mostrados prelos operando em outras partes da Terra e o desenvolvimento do trabalho bem organizado em vastos territórios do mundo, nos quais os adventistas do sétimo dia, até aquela data, nunca haviam pensado em
entrar.
Escrevendo e viajando
Durante os poucos anos seguintes, muito do tempo da Sra. White foi ocupado em
escrever parte da história do conflito que trata da vida de Cristo e o trabalho dos apóstolos.
Apareceu nos volumes II e III de The Spirit of Prophecy em 1877 e 1878. O Pastor Tiago White estava laboriosamente empenhado em iniciar a Pacific Press em Oakland, planejar e levantar fundos para aumentar o Sanatório de Battle Creek e construir o Tabernáculo de Battle Creek.
Quando a instituição de saúde, recém-estabelecida perto de Sta. Helena, Califórnia, foi visitada no princípio de 1878, foi Ellen White levada a exclamar que vira esses edifícios e seus arredores, numa visão que lhe fora dada sobre a ampliação da obra na costa ocidental. Foi esse o terceiro empreendimento da costa do Pacífico que ela viu na visão de 1874, sendo os outros The Signs of the Times e a Pacific Press.
Durante as sessões das reuniões campais da última parte da década dos setenta, falou
Ellen White a muitos auditórios grandes, sendo o maior deles a congregação reunida na tarde de domingo em Greeveland, Massachussets, no fim de agosto de 1877, tempo em que quinze mil pessoas ouviram-na falar sobre temperança cristão em seus aspectos mais amplos. O relatório de suas viagens e labores durante esse período leva-nos para leste e para oeste, e para noroeste do Pacífico. Encontramo-la escrevendo incessantemente, assistindo às sessões da Associação Geral, cumprindo compromissos nas praças da cidade e na prisão do Estado.
A falta de saúde do Pastor Tiago White levou-o a fazer uma viagem para Texas no
inverno de 1878 a 1879. Foi aí que Artur Daniells, que em anos posteriores foi presidente da Associação Geral e sua esposa, Maria, uniram-se à família White, o jovem Artur como companheiro e enfermeiro do Pastor White e Maria como cozinheira e empregada doméstica.
Morte de Tiago White
Houve períodos durante os dois anos que se seguiram em que o Pastor White passava
bem e estava em condições de continuar o trabalho. Contudo seus longos anos de excessivo trabalho mental e físico haviam-lhe diminuído as forças vitais, e ele entrou no descanso em Battle Creek na tarde do sábado, 06 de agosto de 1881. Em pé, ao lado da forma adormecida do esposo, no serviço funerário, embora privada de sua companhia e assistência, Ellen White prometeu a si mesma avançar na obra que lhe fora confiada.
Logo encontramos novamente Ellen White na costa do Pacifico, sentindo
profundamente a perda do companheiro, mas ardorosamente empenhada em escrever os
capítulos do quarto e último volume da série The Spirit of Prophecy . Nesse volume há tanto tempo esperado, foi apresentada a história do conflito desde a destruição de Jerusalém até o fim do tempo. Ao sair do prelo em 1884 o livro foi recebido. Foi publicada uma edição ilustrada para a colportagem, intitulado The Great Controversy Between Christ and His Angels and
Satan and His Angels e, dentro do breve período de três anos, 50 mil exemplares foram
impressos e vendidos.
Ellen White visita a Europa
Em pouco tempo estava à espera de um chamado da Associação Geral para a Sra.
White, acompanhada do filho, Pastor W. C. White, visitar as missões européias. Ao se
aproximar o tempo da viagem, parecia aos que lhe estavam mais próximos que sua condição física a tornaria impossível. Contudo, obediente ao que lhe parecia ser seu dever, encetou a viagem, foi abençoada fisicamente e passou o tempo, desde o outono de 1885 até o verão de 1887, nos países europeus. De Basiléia, na Suíça, que então era a sede de nossa obra na Europa, fez a Sr. White viagens à Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Dinamarca, Noruega e Suécia. O que lhe causou especial interesse foram as duas visitas aos vales valdenses na Itália, onde viu com a7 visão natural lugares relacionados com a visão natural lugares relacionados com a Idade Escura e a Reforma, que vira em visão.
Tanto em Basiléia, na Suíça, como em Christiania (agora Oslo), na Noruega,
reconheceu Ellen White os prelos como sendo os que lhe haviam sido mostrados na
compreensiva visão de 3 de janeiro de 1875, em que viu muitos prelos operando em terras de além-mar.
O conselho dado por Ellen White aos nossos obreiros europeus nos dias de formação
da obra, muito significou no estabelecimento de normas e planos corretos, que Deus
grandemente abençoou para o avanço de Sua causa.
O Conflito dos Séculos e Patriarcas e Profetas
Ao ser o volume IV do The Spirit of Prophecy , recentemente publicado, exigido nas
línguas européias, sentiu Ellen White que devia escrever de maneira mais completa o que lhe fora apresentado nas cenas do conflito, e assim empreendeu a obra de ampliar, resultando no livro conhecido hoje como O Conflito dos Séculos , que pela primeira vez foi publicado no ano de 1888. De novo nos Estados Unidos, Ellen White estabeleceu seu lar em Healdsburg, Califórnia, mas assistiu à reunião da Associação Geral, em Mineápolis, Minnesota, em 1888, e que por tanto tempo seria lembrada, e nos meses seguintes viajou, pregou e trabalhou em Patriarcas e Profetas , que apareceu no ano de 1890.
Trabalhos finais
Na assembléia da Associação Geral de 1891, foi apresentado à Sra. White um chamado urgente para ir à Austrália dar conselho e ajudar no estabelecimento de planos para a obra naquele campo recém-penetrado. Atendendo a esse apelo, em dezembro de 1891,
chegou à Austrália acompanhada do filho, Pr. W. C. White e de vários de seus auxiliares. Sua presença no campo australiano foi muito apreciada pelos novos crentes e suas mensagens de conselho concernentes ao desenvolvimento da obra se demonstraram uma grande benção em estabelecer firmemente o interesse denominacional nesse continente do Sul. Em sua primeira visita a nossa publicadora, aí novamente reconheceu a Sra. White os prelos como estando entre os que lhe haviam sido mostrados em janeiro de 1875.
Não muito depois de sua chegada, viu Ellen White claramente a urgente necessidade
de uma instituição de ensino na Austrália, para que a mocidade adventista do sétimo dia pudesse ser educada em nossas escolas, e assim fossem preparados obreiros para o trabalho na terra natal e nos campos estrangeiros. Atendendo aos seus muitos apelos, realizou-se o que parecia impossível, abrindo uma escola bíblica na cidade de Melbourne, na Austrália, em 1892. Durante quatro anos realizou-se bom trabalho em sede alugada, mas durante essetempo fervorosos apelos escritos e orais da Sra. White mostraram que o plano do Senhor exigia que a escola se localizasse em zona rural.
A escola de Avondale
Não foi senão depois de Deus ter mostrado claramente a Sua aprovação que se comprou a propriedade de Avondale e, para animar os que se empenhavam nesse empreendimento pioneiro, comprou a Sra. White um lote de bom tamanho, fazendo sua casa ao lado da nova escola. Essa escola, foi nos dito, seria um modelo do que a nossa obra educacional deveria ser, e Deus tem abençoado ricamente seu trabalho.
Durante os muitos e difíceis dias do trabalho na Austrália, Deus deu farta evidência de que as realizações lhe eram bem agradáveis, e ricamente recompensou os ardorosos esforços para dirigir essa obra em harmonia com a sua instrução encontrada em Sua Palavra e enviada ao Seu povo por meio da mensageira que Ele escolhera.
Para administrar devidamente a obra em desenvolvimento no campo australiano, foi o
território organizado numa união-associação, a primeira união-associação dos adventistas do sétimo dia. Uma pessoa que teve parte na obra administrativa da união-associação recém organizada foi o Pr. A. G. Daniells, que com a esposa fora enviado para a Nova Zelândia em 1888, como missionário. Sua associação com a Sra. White e a aceitação de seus conselhos ao enfrentar os presentes problemas administrativos do campo, ajudava a prepará-lo para a obra maior que lhe foi confiada quando, depois da sessão Associação Geral de 1901, foi escolhido para levar as pesadas responsabilidades da liderança da Associação Geral.

Começa a obra médica
Nem bem havia começado devidamente a obra educacional em Avondale e já se
faziam planos para começar o trabalho médico-missionário. A isso não somente deu Ellen White forte apoio moral, mas contribuiu liberalmente com parte de seus limitados meios, para ajudar a tornar possível a consecução de um sanatório. De fato, havia poucas igrejas construídas na Austrália, ou poucos ramos de atividades inaugurados durante os oito anos de residência da Sra. White ali, que não se beneficiaram de seu liberal apoio financeiro.
Seja como for, além de seu muito interesse na obra local desse campo pioneiro,
encontrou a Sra. White tempo para escrever milhares de páginas que atravessaram os mares e levaram oportuno conselho e direção aos que levavam responsabilidades como líderes da causa. Também semanalmente fornecia artigos para a Review and Herald , Signs e Instructor .
Não é de estranhar, portanto, que sua obra de preparar livros fosse grandemente demorada e não foi senão em 1898 que foi completado e apareceu O Desejado de Todas as Nações. O Maior Discurso de Cristo precedeu-o em dois anos, e Parábolas de Jesus e Testimonies for the Church , vol. VI, seguiram-no em 1900.
Volta aos Estados Unidos
Foi para todos uma surpresa quando, certo dia de 1900, Ellen White disse à família eaos coobreiros que naquela noite recebera instrução de que devia voltar à América. Do ponto
de vista da obra na Austrália parecia ser o tempo mais inoportuno para ela partir, mas Aquele cujos olhos vigiam a causa como um todo e que penetra no futuro, bem conhecia a necessidade de sua presença nos Estados Unidos durante a crise que dominou os primeiros anos do nosso século.
Estabelecendo seu lar em “Elmshaven”, a poucos quilômetros da cidade campesina de
Sta. Helena, ao noroeste da Califórnia, a Sra. White gastou os quinze anos de vida restantes no preparo de livros, escrevendo, fazendo trabalho pessoal e viajando. Nem bem se havia estabelecido devidamente em Sta. Helena e já recebia um convite para assistir em Battle Creek, Michigan, à sessão da Associação Geral de 1901. Nessa importante reunião deu semhesitar seu testemunho, apelando para a reorganização da obra da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, a fim de que fossem providos completamente meios para atender aos crescentes interesses da causa. Efetuou-se a reorganização, abrindo caminho para ampla
distribuição das crescentes responsabilidades que, até aquele tempo, tinham sido levadas por bem poucos homens. O plano de que as organizações uniões-associações ficassem entre a Associação Geral e as associações locais foi reorganizado e efetivado, e foram organizados departamentos da Associação Geral. Esses passos abriram o caminho para a grande expansão e desenvolvimento de nossa obra denominacional.
Dois anos mais tarde a obra da Review and Herald Publishing Association mudou-se
de Battle Creek para a costa oriental e, em harmonia com o conselho direto do Senhor,
estabeleceu-se em Takoma Park. Durante quase um ano levou avante o trabalho ali e seus documentos traziam cabeçalho de Takoma Park. A presença da Sra. White na sede
denominacional, recém-escolhida, ajudou a firmar o crédito da mudança que se fizera. Os laboriosos anos finais
Poucos meses depois de sua volta a Sta. Helena, na última parte de 1905, saiu do
prelo o livro A Ciência do Bom Viver , dedicado ao interesse da cura do corpo e da alma.
Educação fora publicado em 1903, e dois volumes dos Testimonies , o VII e o VIII, foram publicados em 1902 e em 1904, respectivamente.
Antes de deixar Washington, animaram-se os obreiros do sul da Califórnia a conseguir
a propriedade do sanatório de Loma Linda, fazendo-se apelos para o início da obra educativa médico-missionária na costa do Pacífico. A obra apertada de livros da Sra. White foi freqüentemente interrompida, durante os poucos anos seguintes, pelas viagens a Loma Linda para animar os obreiros locais, e ao sanatório Paradise Valley, perto de San Diego, que ela pessoalmente ajudara a iniciar em 1903.
Encontramos a Sra. White de volta novamente a Washington, em 1909, assistindo a
uma sessão da Associação Geral. Depois dessa reunião em cumprimento de um desejo há
muito acariciado no coração, visitou sua velha cidade de Portland, Maine. Ali deu, de novo, seu testemunho naquele lugar histórico em que seu trabalho tivera começo, 65 anos antes. Foi essa sua última viagem aos Estados do Leste, e permanece na memória do oeste para leste.
Reconhecendo que poucos dias lhe restavam, com todo o ardor empenhou-se Ellen
White na rápida produção de certo número de livros que apresentavam instruções essenciais à igreja, entre eles o Testimonies for the Church , vol. IX, publicado em 1909. Em 1911 apareceu Atos dos Apóstolos . Em 1913 foi publicado Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes , e em 1914 foi terminado e enviado para o prelo o manuscrito de Obreiros Evangélicos . Os meses finais ativos da vida da Sra. White foram dedicados ao livro Profetas e Reis.
Na manhã do sábado, 13 de fevereiro de 1915, ao entrar Ellen White em seu confortável
gabinete de estudos, tropeçou e caiu, e viu que não podia levantar-se. Foram buscar auxílio e logo se verificou que o acidente era sério. O exame de raios-X revelou uma fratura no quadril, e a Sra. White ficou durante cinco meses confinada à cama ou na cadeira de rodas.
Suas palavras a amigos e parentes durante as últimas semanas de vida indicam um
sentimento de alegria, e o senso de ter realizado fielmente a obra que o Senhor lhe confiara, confiança de que a obra de Deus avançaria até seu triunfo final, mas a preocupação de que os membros individuais da igreja, especialmente nossos jovens, reconhecessem o tempo em que estávamos e o sério preparo necessário para encontrar o Senhor em Sua vinda.
Os trabalhos da vida de Ellen White terminaram a 16 de julho de 1915, na idade
madura de oitenta e sete anos bem passados, e foi posta a descansar ao lado do esposo no cemitério de Oak Hill, em Battle Creek, Michigan. Embora a voz esteja silente e a pena infatigável descansando, contudo, as preciosas palavras de instrução, conselho, admoestação e encorajamento sobrevivem, para guiar a igreja remanescente até o fim do conflito e o dia da
vitória final.

A chegada do Adventismo ao Brasil


Há 110 anos era organizada a primeira igreja adventista no Brasil.

Corria o ano de 1884. Um jovem alemão conhecido como Borchardt, residente em Brusque, Santa Catarina, envolve-se em uma briga, ferindo gravemente seu oponente. Com medo da polícia, resolve fugir em direção ao Porto de Itajaí. Lá chegando, embarca clandestinamente em um navio que rumava para a Alemanha. Numa das escalas, acaba conhecendo dois missionários adventistas que lhe perguntam se conhece algum protestante no Brasil. Meio desconfiado, Borchardt responde que seu padrasto, Carlos Dreefke, é luterano. Os missionários pedem-lhe o endereço de Dreefke, deixando claro que o único interesse deles é enviar literatura religiosa para o Brasil.

Alguns meses depois, um pacote contendo revistas adventistas em alemão chega à Colônia de Brusque, endereçado a Carlos Dreefke e com selo de Battle Creek, Estados Unidos. A encomenda é aberta na casa comercial de Davi Hort, um típico casarão colonial de dois pavimentos, distante oito quilômetros do atual centro de Brusque. Dreefke, ainda meio desconfiado, toma para si uma das revistas, com inscrição de capa A Voz da Verdade, e distribui as outras nove para seus amigos que ali estavam.

Com o tempo, algumas famílias demonstraram interesse por aquelas publicações que falavam, dentre outras coisas, na segunda vinda de Cristo, num estilo de vida mais saudável e na importância de se reservar o sábado para atividades de cunho religioso. Continuaram a pedir mais literatura, usando o nome do Sr. Dreefke que, com medo de que algum dia lhe mandassem a conta de todas as revistas, acabou cancelando os pedidos futuros.

A frustração foi geral. Quem poderia assumir agora a responsabilidade pelas revistas? Um polonês de nome Chikiwidowski chegou a se responsabilizar pelos pedidos, mas seu entusiasmo durou pouco. Foi então que uma terceira pessoa entrou na história: Frederich Dressler.

Dressler era filho de um pastor luterano, na Alemanha. Foi expulso de seu país por ser alcoólatra. Aproveitando as correntes migratórias para o Brasil, veio parar em Brusque. Trabalhou como professor, mas toda a sua renda era gasta em bebida. Quando Dressler ouviu falar das tais revistas adventistas que eram enviadas de graça, resolveu fazer um pedido, com a intenção de vendê-las para alimentar o vício que o destruía.

As revistas (como a Hausfreund , “Amigos do Lar”) chegaram e, com elas, alguns livros. Entre eles, um muito especial: o Comentário Sobre o Livro de Daniel , de Uriah Smith. Após a leitura desse livro, Guilherme Belz se tornaria – anos mais tarde – o primeiro no Brasil a reconhecer o sábado como dia de descanso, através da literatura adventista.

Em certas ocasiões, enquanto Dressler caminhava pelas ruas em busca de compradores, os folhetos caíam-lhe das mãos trêmulas. Como não havia muito papel espalhado pelo chão naquela época, as pessoas, curiosas, apanhavam os folhetos e os liam. Sem saber, Dressler prestou grande contribuição à causa adventista que ensaiava seus primeiros passos em terras brasileiras.

A Sociedade Internacional de Tratados dos Estados Unidos enviou centenas de dólares em literatura, que Dressler transformou em cachaça. Na venda de Davi Hort, Dressler trocava as revistas e folhetos por bebida. O Sr. Davi as usava como papel de embrulho. E foi dessa forma que a mensagem adventista conseguiu se espalhar mais e mais, como folhas de outono, alcançando famílias e corações nos quais a semente do evangelho começava a germinar.

O primeiro converso no Brasil

Guilherme Belz nasceu na Pomerânia, Alemanha, em 1835. Veio para o Brasil e estabeleceu-se na região de Braunchweig (hoje Gaspar Alto), a cerca de 18 quilômetros de Brusque. Certa ocasião, ao voltar das compras na Vila de Brusque, notou algo de especial em uma das mercadorias. O papel de embrulho trazia um texto escrito em alemão. A leitura do impresso deixou Belz pensativo por várias semanas, até que, ao visitar o irmão Carl, descobriu que este havia comprado um livro do alcoólatra Frederich Dressler – livro que “coincidentemente” tratava, dentre outras coisas, do mesmo assunto do folheto.

O Comentário Sobre o Livro de Daniel, de Uriah Smith, também estava escrito em alemão. Ao tentar pegá-lo da estante, Guilherme derrubou-o no chão. O livro se abriu justamente no capítulo intitulado “O Papado Muda o Dia de Repouso”. Este título fez Belz recordar sua juventude na Alemanha.

Nascido em uma família luterana, Guilherme tinha por hábito ler a Bíblia, mas algo o intrigava: “Se apenas o sábado é mencionado nas Escrituras, por que guardamos o domingo?” Sua mãe Luise e o pastor de sua igreja desconversavam e, por isso, a resposta teve de aguardar muitos anos.

Como estava com pressa, Guilherme despediu-se de Carl levando emprestado o livro – segurando-o como se houvesse descoberto um tesouro precioso. Chegando em casa, ele investigou o assunto do sábado mais a fundo, comparando o conteúdo do livro com a sua Bíblia. Finalmente, Belz convenceu-se da santidade do sábado. Guilherme tinha então 54 anos e tornava-se, assim, o primeiro a reconhecer, no Brasil, o sábado como dia do Senhor, graças à literatura adventista. Os Belz não demoraram a espalhar sua nova crença pela região. Pouco tempo depois, algumas famílias já se reuniam para estudar a Bíblia e orar.

Em maio de 1893, por designação da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o missionário Albert B. Stauffer chegou ao Brasil. Juntamente com outros missionários, Stauffer espalhou a literatura adventista em Indaiatuba, Rio Claro, Piracicaba e outras localidades. Assim, os primeiros interessados na mensagem adventista, em São Paulo, foram surgindo. O mesmo aconteceu no Estado do Espírito Santo, onde Stauffer espalhou vários livros O Grande Conflito.

Os adventistas que, em São Paulo e no Espírito Santo, observavam o sábado e criam na volta de Jesus estavam totalmente alheios à existência dos irmãos de Santa Catarina que, já há alguns anos, professavam a mesma fé.

Em agosto de 1894, chegou ao Brasil outro missionário adventista: William Henry Thurston. Acompanhado da esposa Florence, Thurston veio dos Estados Unidos com a missão de estabelecer um entreposto de livros denominacionais no Rio de Janeiro, para atender aos missionários no Brasil. Com ele vieram duas grandes caixas de livros e revistas impressos em inglês, alemão e pouca coisa em espanhol. Na época, não havia nada publicado em português, pois a Casa Publicadora Brasileira só iniciaria suas atividades a partir de 1900.

Para chegar ao seu destino, muitos impressos eram despachados nos navios oceânicos, outros nos barcos fluviais a vapor (ou mesmo a remo), outros ainda em carros de boi, em lombo de burro e, às vezes, em alguns lugares, nas costas dos missionários.

O primeiro pastor adventista a visitar o Brasil
O mesmo navio – Magdalena – que trouxe o casal Thurston ao Brasil levou o Pastor Frank Henry Westphal para a Argentina. Eram poucos os primeiros representantes da Igreja Adventista no continente sul-americano, na época. No final de 1894, num território de 15.500.000 quilômetros quadrados, somente dez homens se dedicavam à proclamação da fé adventista, oralmente ou por escrito. Um deles era o Pastor Westphal, os outros eram os colportores-missionários. Mas, em apenas cinco anos, os vinte já eram duzentos!

Neste mesmo ano – 1894 – o missionário Albert Bachmeyer chegou ao Estado de Santa Catarina. Grande foi sua alegria quando, ao oferecer seus livros a uma família em Brusque, descobriu que havia adventistas ali. Imediatamente, transmitiu a boa notícia a Thurston que, por sua vez, escreveu informando o Pastor Westphal, na Argentina.

Westphal foi o primeiro ministro adventista enviado para servir na América do Sul. Ordenado ao ministério em 1883, em Michigan, dedicou-se à missão urbana de Milwaukee e lecionou História no Departamento Alemão do Union College. Em 1894 foi chamado para servir no continente sul-americano.

Em fevereiro de 1895, o Pastor Westphal desembarcou no Rio de Janeiro, onde o esperavam o casal Thurston e o colportor A. B. Stauffer. Acompanhado por Stauffer, o Pastor Westphal seguiu primeiro para o interior de São Paulo, para batizar os primeiros conversos naquele Estado. Guilherme Stein Jr. foi o primeiro adventista brasileiro a ser batizado, numa manhã de abril do ano de 1895. Seu batismo foi realizado no rio Piracicaba, que na língua indígena significa colheita de peixes. Stein Jr. desempenhou papel importante na Obra Adventista do Brasil como missionário, evangelista, professor, administrador, redator e editor.

No dia 30 de maio de 1895, o Pr. Westphal chega em Brusque, e lá encontra os primeiros grupos de conversos ao adventismo, no Brasil. Emocionados, os novos conversos ouviram pela primeira vez a pregação de um ministro adventista. Em oito de junho de 1895, foi realizado o primeiro batismo de oito pessoas no rio Itajaí-Mirim, uns cinco ou seis quilômetros acima da Vila de Brusque. Três dias depois, o Pastor Westphal realizou o segundo batismo, em Gaspar Alto. Naquele dia, mais 14 pessoas foram batizadas. Com esse grupo de conversos catarinenses foi organizada a primeira congregação adventista do sétimo dia no Brasil, tendo como primeiro-ancião Augusto Olm e diácono, Guilherme Belz (no ano seguinte, 1896, foi construído o primeiro templo em Gaspar Alto).

Em 14 de dezembro de 1895, foi realizado o primeiro batismo adventista no Estado do Espírito Santo. Na ocasião, 23 pessoas foram batizadas, tornando-se membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Poucos anos depois, grupos de conversos adventistas já realizavam a Escola Sabatina em Campos dos Quevedos e Taquari (RS), Brusque e Joinville (SC), Curitiba (PR), Rio Claro e Indaiatuba (SP), Santa Maria (ES) e Teófilo Otoni (MG). O árduo trabalho dos missionários pioneiros prosperava, e mais e mais pessoas eram salvas para o Reino de Deus. Daquele humilde início, com algumas dezenas de conversos espalhados aqui e ali, hoje a Igreja Adventista do Sétimo Dia pode louvar a Deus pelo seu rápido crescimento. Dos dez milhões de membros que a igreja tem no planeta, mais de um milhão estão no Brasil, o que o torna o país com a maior presença adventista no mundo.

Nossa missão hoje não é menos importante que a iniciada pelos pioneiros, com esforço e muita dedicação. Eles prepararam o caminho e espalharam a preciosa semente da verdade. Cabe a nós terminar a colheita para que Cristo volte logo e encerre nossa peregrinação. Maranata!


Desenvolvimento cronológico resumido da
Obra Adventista no Brasil



1884 — O pacote contendo dez revistas Arauto da Verdade , em alemão, chega a Brusque, SC.

1890 — Surgem os primeiros observadores do sábado em Gaspar Alto, SC. Guilherme Belz é o pioneiro.

1893 — Albert B. Stauffer, primeiro missionário enviado ao Brasil pela Associação Geral, chega ao País.

1894 — (1) Albert Bachmeier encontra observadores do sábado em Brusque e em Gaspar Alto; (2) W. H. Thurston chega ao Rio de janeiro com dois caixotes de livros, estabelecendo naquela cidade um depósito de livros.

1895 — (1) Pastor Frank H. Westphal chega ao Rio de janeiro em fevereiro. Acompanhado por Albert Stauffer, inicia uma viagem realizando batismos em São Paulo e terminando com a cerimônia batismal de Gaspar Alto, em junho; (2) No mesmo mês, a primeira igreja adventista do Brasil é organizada em Gaspar Alto; (3) No mês de julho, os irmãos Berger chegam ao Brasil para colportar; (4) Pastor H. F. Graf chega ao Brasil em agosto e, em dezembro, realiza o batismo em Santa Maria do Jetibá, no Espírito Santo; (5) É criada a Missão Brasileira da IASD.

1896 — (1) Pastor Spies chega ao Brasil e batiza 19 pessoas em Teófilo Otoni, Minas Gerais; (2) Em julho começa a funcionar o Colégio Internacional de Curitiba, PR, a primeira escola particular adventista.

1900 — (1) Além da escola paroquial já existente em Gaspar Alto, começa a funcionar a escola missionária, sob a direção do Pastor John Lipke; (2) Começa a ser publicada a revista O Arauto da Verdade , em português, mas ainda em tipografia secular. Guilherme Stein foi seu primeiro editor.

1903 — Em agosto, o Colégio Superior de Gaspar Alto é transferido para Taquari, RS. A escola paroquial da igreja de Gaspar Alto, entretanto, continuou funcionando.

1904 — (1) O Pastor Ernesto Schwantes visita o comerciante José Lourenço Mendes, em Santo Antônio da Patrulha, RS. Surgem as igrejas de Campestre e Rolante e inicia-se a transição do adventismo das colônias alemãs para todo o Brasil; (2) Pastor Lipke consegue, nos EUA, a doação de um prelo para o Brasil.

1905 — O prelo é montado no colégio de Taquari, RS. A Sociedade Internacional de Tratados no Brasil (embrião da Casa Publicadora Brasileira) inicia suas atividades gráficas.

1907 — A Casa Publicadora Brasileira (então conhecida como Tipografia Adventista de Taquari) é transferida de Taquari para São Bernardo do Campo, São Paulo.

1911 — (1) José Amador dos Reis, da igreja de Rolante, ingressa na colportagem, passando depois à obra bíblica, na qual foi ordenado ao ministério, tornando-se o primeiro pastor adventista brasileiro ordenado (em 1920); (2) É organizada a União Brasileira, com sete campos, 68 igrejas e 1.550 membros.


Michelson Borges é redator da Casa Publicadora Brasileira e autor dos livros A Chegada do Adventismo ao Brasil (Casa) , A História da Vida, Por Que Creio e Nos Bastidores da Mídia
(seu blog: www.michelsonborges.blogspot.com)



Fonte: http://www.mpv.org.br

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Congregação Cristã no Brasil


A Congregação Cristã no Brasil é um grupo religioso cristão de origem norte americana e está presente em território nacional desde 1910, trazida pelo italiano Louis Francescon.

Origem

No início do Século XX, na cidade de Chicago, na 943 W. North Ave (semelhantemente à Rua Azuza em Los Angeles, CA), havia uma missão Pentecostal que anunciava a Promessa do Espírito Santo, com evidência de se falar novas línguas. Louis Francescon um antigo presbiteriano-valdense, visitou aquele serviço a convite e, teria recebido, conforme suas palavras, uma confirmação Divina de que aquela obra era de Deus.

Após visitar por um certo tempo a Missão da North Avenue, Francescon introduziu em 1907, a doutrina do Batismo no Espírito Santo em sua igreja chamada de Assemblea Cristiana.

Vindo para o Brasil em 20 de abril de 1910, Francescon realizou o primeiro batismo em Santo Antonio da Platina, Paraná, batizando o italiano Felicio Mascaro e mais dez pessoas; depois dirigiu-se para a cidade de São Paulo, onde foram batizadas mais vinte pessoas. Durante muitos anos, os fiéis se reuniram sem denominação alguma e somente após adquirir seu primeiro prédio na cidade de São Paulo, escolheu-se o nome "Congregação Cristã do Brasil". Nos anos 60 por questões internas passou a denominar-se "Congregação Cristã no Brasil". Possuiu maioria italiana até a década de 1930, e desde então, passaram a preponderar as demais etnias e, desde 1950, está presente em todo território brasileiro e em diversos países do mundo.

Em 2007 há quase 18 mil igrejas espalhadas em todo o mundo (16.926 no Brasil) e cerca de 2,6 milhões de fiéis no Brasil. Atualmente são batizadas cerca de 100.000 pessoas por ano[1]Sua igreja central é estabelecida em São Paulo, no bairro do Brás, onde o Ministério reúne-se anualmente em Assembléia Geral e são estabelecidas convenções aplicadas em todas as congregações.

A Congregação Cristã possui igrejas nas seguintes localidades, segundo seu Relatório Anual de 2007: Africa do Sul, Alemanha, Andorra, Angola, Argentina, Bélgica, Bolívia, Cabo Verde, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Grécia, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Guiné-Bissau, Holanda, Honduras, Índia, Inglaterra, Irlanda, Israel, Itália, Japão, México, Moçambique, Nicarágua, Nigéria, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Democrática do Congo, República do Congo, República Dominicana, São Tomé e Príncipe, Síria, Suiça, Suriname, Uruguai, Venezuela e Zimbábue.

Doutrina

No ano de 1927 na cidade de Niagara Falls, NY, houve uma Assembléia Geral da Congregação Cristã, onde foram definidos seus 12 Artigos de Fé:

Crença na Bíblia como sendo a infalível palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo (II Pedro 1:21; II Timóteo 3:16-17; Romanos 1:16);
Crença na existência de um só Deus, com três pessoas distintas (Efésios 4:6; Mateus 28:19; I João 5:7);
Crença na natureza divina e humana de Jesus Cristo, e na sua morte por culpa de todos os homens (Lucas 1: 27-35; João 1:14; I Pedro 3:18);
Crença na existência pessoal do diabo e seus anjos, que estão condenados ao fogo eterno (Mateus 25:41);
Crença no novo nascimento pela fé em Jesus Cristo, e na sua ressurreição para tornar justos os crentes, assim a salvação da alma através da [[fé] (Romanos 3:24-25; I Corintos 1:30; II Corintos 5:17).
Prática do batismo nas águas, com uma só imersão, para perdão de pecados (Mateus 28:18-19);
Crença no batismo do Espírito Santo, com a evidência inicial de falar em novas línguas (Atos 2)].
Prática da Santa Ceia anualmente, com um só pão partido com a mão e um só cálice, para relembrar a morte de Jesus Cristo (Lucas 22:19-20; I Corintos 11:25-25).
Crença de se abster da idolatria, da fornicação, e de sangue e carne sufocada (Atos 15:28-29; 16-4; 21-25).
Prática da unção com óleo para apresentar o enfermo ao Senhor (Mateus 8:17; Tiago 5:14-15).
Crença no retorno de Jesus Cristo e no arrebatamento dos fiéis (I Tessalonissenses 4:16-17; Apocalipse 20-6);
Crença na ressurreição dos mortos em novos corpos; no Juízo Final e no tormento eterno para injustos e vida eterna para os justos (Atos 24:15; Mateus 25:46).

Práticas
Culto
O culto da Congregação Cristã no Brasil segue uma ordem pré-estabelecida, mas sem uma liturgia fixa, assim os pedidos de hinos, orações, testemunhos e a pregação da Bíblia são feitos de forma espontânea, crendo serem baseados na inspiração do Espírito Santo. Os serviços são solenes com uma atmosfera formal; desse modo evitam-se manifestações individualizantes, mas preza-se a participação coletiva. Há uma série de práticas no culto como o uso do véu pelas mulheres; o uso do ósculo entre irmãos e irmãs de per si; assento separado, no salão de culto, entre homens e mulheres

Ministérios e Cargos

A Congregação Cristã no Brasil possui um ministério organizado, servindo sem expectativas de receber salários [2] e é distribuído segundo as necessidades de cada localidade, a saber:

Ancião - responsável pelo atendimento da Obra, realização de batismos, santas ceias, ordenação de novos obreiros (anciães e diáconos), eleição de Cooperadores do Ofício Ministerial, encarregado de conferir ensinamentos à igreja, cuidar dos interesses espirituais e do bem-estar da igreja, entre outras funções;
Diácono - responsável pelo atendimento assistencial e material à igreja. É auxiliado por irmãs obreiras chamadas de "Irmãs da Obra da Piedade". Assim como o ancião, atende a diversas congregações de sua região;



Cargos


Cooperador do Ofício Ministerial - responsável pela cooperação e presidência de cultos em uma determinada localidade, não podendo realizar batismos. Existe um Cooperador somente para atender reuniôes de Jovens.
Músico - membro habilitado e depois de passar por testes musicais é oficializado para tocar nos cultos e demais reuniões.
Encarregado de Orquestras - músico oficializado, designado para organizar ensaios musicais da Orquestra da Congregação e ensinar a música. As "Examinadoras" são organistas oficializadas, designadas para avaliar organistas aprendizes no processo de oficialização;
Administração - ministério material, constituído por Presidente, Tesoureiro, Secretário, Auxiliares da Administração, Conselho Fiscal e Conselho Fiscal Suplente, sendo que os administradores são empossados ou reempossados de 3 em 3 anos e o Conselho Fiscal anualmente, na época da Assembléia Geral Ordinaria (AGO)ou em casos específicos Assembléia Geral Extaordonaria(AGE);

Para construções de templos, utilizam-se de volutariado mobilizado em esquema de mutirão. Para outros serviços burocráticos das igrejas como portaria, limpeza, som, etc.. também são escolhidos dentre os membros, voluntários que não possuem expectativa de receber salário.

Organização
Segundo seus Estatutos, a Congregação Cristã no Brasil não possui registro de membros, considerando que estes devem responder somente a Deus; não prega o dízimo e mantem-se pelo espírito voluntário dos seus membros, que contribuem com coletas secretas e exercem seus ministérios sem a expectativa de receber dinheiro ou bens materiais.

As mudanças de caráter doutrinário na Congregação Cristã no Brasil são discutidas em assembléia anual e pelo Conselho de Anciãos, que é formado pelos anciãos mais velhos em ministério e não necessariamente de idade. Nestas assembléias são considerados "Tópicos de Ensinamentos", os quais, tomados em reuniões e por oração, tratam de assuntos relacionados à doutrina, costumes e comportamento na atualidade.

A Orquestra

A Congregação Cristã no Brasil possui uma orquestra de música sacra muito valorizada. Ela provê aos fiéis escolas musicais gratuitas em suas dependências.

Atualmente, possui em sua orquestra os seguintes instrumentos:

Violino,Viola, Violoncello; Flauta transversal; Oboé; Fagote; Clarinete; Clarone; Acordeon; Saxofone-sopranino, soprano, alto, tenor, barítono e baixo; Trompete; Pocket; Cornet; Trompa; Trombonito; Trombone; Saxhorn; Bombardino; Bombardão; Sousafone; Flugelhorn e Orgão, sendo esse último de liberdade de execução somente de mulheres e os demais instrumentos somente de homens.

O hinário da Congregação Cristã no Brasil, intitula-se "Hinos de Louvores e Súplicas a Deus" e encontra-se na sua quarta edição datada de 1965, quando foram adicionadas novas melodias e poesias. Possui muitas melodias de autores norte americanos e italianos, com algumas poesias traduzidas e semi-traduzidas do inglês e do italiano. Possui 450 hinos, tendo entre eles, especiais para Batismos, Santas Ceias, Funerais, 50 para as "Reuniões de Jovens e Menores", e sete coros.

O livro original chamava-se Inni e Salmi Spirituali, publicado, no começo do século XX, pela Assemblea Cristiana Italiana de Chicago, Ill USA.

Os hinários com notação musical seguem o modelo europeu, contendo as claves de Sol e de Fá, e estão escritos para instrumentos em Dó maior, Mi bemol maior e Si bemol maior.

A Congregação Cristã não produz gravações em disco de seus hinos, nem mesmo as autoriza.

Política

A Congregação Cristã no Brasil crê na separação total entre Estado e religião, sendo uma organização religiosa totalmente apolítica, sem ligação nem manifestação de apoio ou repúdio a causas ou partidos políticos, candidatos a cargos públicos e nem mesmo ongs ou qualquer outra instituição governamental ou não. Se algum membro de seu corpo ministerial aceitar cargos políticos, deverá renunciar ao seu cargo congregacional[3] . Seus fiéis são livres para exercer suas obrigações de cidadão conforme sua consciência, todavia é aconselhado aos próprios a refutarem quaisquer tendências políticas que corroborem com uma doutrina de natureza anticristã. Por fim, considera-se permissão Divina o estar no poder.

Mídia

A Congregação Cristã no Brasil não possui propaganda em meios de rádio, televisão, internet, imprensa escrita, ou qualquer outro tipo de propagação de sua doutrina que não seja o frequentar de qualquer de suas igrejas pelos interessados em conhecê-la.